Na última segunda-feira, o governo confirmou a queda para o B10 no último bimestre de 2021
Nesta semana, o setor do biodiesel reagiu a mais uma derrota para a categoria frente ao governo federal. Na última segunda-feira, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) confirmou mais uma redução na mistura do biodiesel. Assim como em abril deste ano, o conselho julgou necessário reduzir a porcentagem do biocombustível misturado ao diesel fóssil para 10%. A razão foi uma alta no preço da soja que elevaria o preço final do combustível nas bombas.
A medida tomada pelo CNPE significou o quarto bimestre consecutivo com a mistura abaixo do previsto para 2021. Depois de implementado nos meses de março e abril, o B13, programado para ser a mistura deste ano, foi substituído pelo B10 entre maio e agosto, pelo B12 entre setembro e outubro e, agora, novamente pelo B10 nos últimos 2 meses do ano.
Após mais essa medida desfavorável, o setor do biodiesel se pronunciou contrário a postura do governo. A APROBIO, Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil, definiu a ação do CNPE como “o maior retrocesso já aplicado à Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio)”. Em nota divulgada, a associação afirmou que a medida penaliza fortemente o setor e não se justifica de qualquer ponto de vista.
A associação condenou fortemente a postura do governo e disse que ela contraria o RenovaBio, além de afastar o país de seu compromisso com a descarbonização e causar danos econômicos severos ao setor produtivo de biodiesel.
O manifesto da APROBIO ainda destacou pontos negativos da medida no âmbito econômico e ambiental. Entre as questões no que se refere à economia, a associação destacou: 1) A ineficácia, já observada neste ano, de se reduzir a mistura para diminuir os preços do combustível na bomba; 2) O impacto econômico no setor de biodiesel que gera empregos, impostos, grandes investimentos, e riqueza para o país; 3) O aumento das importações de petróleo e diesel, uma vez que o Brasil não é autossuficiente na manufatura desses produtos, o que gerará empregos fora do país ao invés de internamente; 4) A medida causará efeitos colaterais no preço de alimentos e carne, por conta de aumento no custo em transporte e da ração animal, o que afetará a inflação, que já é alta; entre outros pontos destacados na nota.
A APROBIO ressaltou ainda o problema ambiental que representa aumentar a quantidade de diesel fóssil circulando. “Ao optar em poluir mais com a redução da mistura, o país se afasta dos compromissos que recentemente anunciou para atingir metas de descarbonização previstas para o Acordo de Paris. Menos biodiesel equivale a mais poluição, mais doenças, mais mortes e mais custos para os serviços de saúde.” , destaca o informe. Além de todas essas questões, o grupo ainda afirmou que o novo modelo de negociação de biodiesel, programado para começar em janeiro de 2022, ainda possui problemas não resolvidos pelo governo.
“Cada 1% de biodiesel que se adiciona à mistura do diesel significa milhões em investimentos e bilhões a mais para o PIB do país. Cada 1% significa empregos para milhões de brasileiros e renda para milhares de famílias. Emprego e renda que se espalham pelo interior do país, beneficiando não apenas as cidades onde as usinas estão instaladas, mas todo um conjunto de municípios ao seu redor. Significa investir nos nossos pequenos e grandes produtores agrícolas, que dispõem de mais alternativas de comercialização de sua produção agrícola, multiplicando a riqueza gerada no campo, onde ela foi produzida”, explica Francisco Turra, presidente do Conselho de Administração da APROBIO.
Fonte: APROBIO