Segundo ANP, manutenção em refinaria e redução na mistura de biodiesel causaram este aumento
Os resultados de um ano conturbado para o setor do biodiesel continuam aparecendo. O Brasil fechou o ano de 2021 com um recorde de importação de diesel fóssil puro. Segundo a Síntese Mensal de Comercialização de Combustíveis do mês de dezembro, o país importou 14,4 bilhões de litros de diesel A, registrando uma alta de 20,36% em comparação a 2020.
De acordo com documento publicado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), esse volume é o maior desde 2000, quando a série histórica teve início. Além disso, o diesel importado em 2021 representou 23,24% de todo o diesel vendido no país, a segunda maior porcentagem da história, atrás apenas de 2017, quando 23,65% do diesel comercializado era de origem estrangeira. Em 2020, esse percentual foi de 20,87%.
No próprio levantamento divulgado, a ANP aponta duas principais causas para o montante histórico de importações em 2021: uma manutenção na Refinaria Abreu e Lima (RNEST) e as variações na porcentagem de biodiesel misturado ao diesel nas bombas.
A RNEST parou sua produção durante 45 dias entre os meses de julho e agosto para manutenção de praticamente todos os equipamentos da refinaria, tais como compressores, motores, vasos, permutadores de calor, válvulas, reatores e outros, que totalizam cerca de 3 mil equipamentos. A parada já era programada e estava sendo planejada há dois anos para que a unidade atendesse as normas regulamentadoras e garantisse a segurança operacional da refinaria.
A refinaria possui capacidade produtiva de 130 mil barris por dia, o que representa 5% de toda a capacidade de refino de petróleo nacional. Desse volume, cerca de 70% viram diesel fóssil com baixo teor de enxofre. Do outro lado, uma quantidade de diesel maior do que a esperada foi usada ao longo do ano por conta de ações do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O diesel vendido nas bombas de combustível do país possui uma parte de biodiesel misturado ao diesel fóssil. Essa quantidade é obrigatória e definida pelo governo federal por meio do CNPE. Em 2021, era planejado que essa quantidade fosse 13% a partir do mês de março, entretanto a realidade ficou bem distante disso. Depois de um bimestre com o B13, o CNPE reduziu a mistura obrigatória para 10% entre maio e agosto por conta de um aumento no preço do biodiesel, o que poderia causar uma inflação no diesel nas bombas. Entre setembro e outubro, a mistura voltou a subir, mas apenas para 12%, sendo sucedida de uma nova redução para 10% em novembro.
Isso significa que ao invés de termos 87% do diesel B (o que é vendido nos postos) composto por diesel fóssil, tivemos cerca de 90%, e, apesar da diferença parecer pequena, ela causa um grande impacto no mercado. O impacto é notável ao observar que o diesel foi o produto mais importado no país em valor. Segundo o levantamento da Logcomex, mais de 7,2 bilhões de dólares foram gastos em importações de diesel em 2021, o deixando no topo da lista cerca de US$ 300 milhões à frente do segundo colocado.
A redução na mistura para 10% foi mantida pelo governo federal para todo o ano de 2022. O setor produtivo de biodiesel apontou que essa redução fará o país importar cerca de 2,4 bilhões de litros de diesel fóssil a mais do que o planejado, resultando em um gasto de 1,2 bilhões de dólares.
Fonte: Poder 360, ANP, Agência Petrobras, Agrolink