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Nova legislação argentina movimenta o mercado do biodiesel

Novo marco regulatório de biocombustíveis do país sulamericano reflete nos preços globais do óleo de soja.

 

O mês de julho foi movimentado para o setor de biocombustíveis na Argentina. Logo no começo do mês, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de novo marco regulatório para os biocombustíveis do país. A proposta, formulada pelo bloco Frente de Todos (o mesmo do presidente Alberto Fernández), substitui o Regime de Regulação e Promoção para a Produção e Uso Sustentável de Biocombustíveis, em vigor desde 2006 e que estava prestes a expirar.

A grande novidade trazida por esse novo marco regulatório é o corte substancial na quantidade de biocombustíveis na gasolina e diesel. A porcentagem de biodiesel no diesel fóssil caiu de 10% para 5%, podendo ser reduzida até 3%, caso “o incremento dos preços dos insumos básicos para a elaboração do biodiesel puder distorcer o preço dos combustíveis”. A razão para essa queda seria garantir o uso sustentável de biocombustíveis nos combustíveis fósseis.

Na última sexta-feira (16), o texto foi aprovado pelo Senado argentino por 43 votos favoráveis a 19 contrários. Como o projeto foi formulado pelo bloco ao qual o presidente faz parte, Alberto Fernández deve sancioná-lo em breve. O texto final traz, além dos cortes no biodiesel, a manutenção na quantidade de etanol na gasolina – 12% -, porém com uma ressalva: metade terá que ser etanol de cana e a outra metade de milho, com este último podendo ser reduzido a 3%.

As novas diretrizes não foram bem recebidas pelo setor de biocombustíveis do país. O presidente da Câmara Panamericana dos Biocombustíveis Avançados (Capba) acredita que o novo marco levará inúmeros fabricantes à falência. Ao mesmo tempo, associações que representam o setor no país, ainda acreditam que a porcentagem de biocombustíveis possa manter-se no valor atual.

O mercado também reagiu ao novo marco regulatório argentino. Representantes da indústria de óleo de soja afirmaram, na última segunda-feira (19), que as exportações argentinas do óleo devem aumentar consideravelmente, derrubando o preço global do produto.

A Argentina, que já é a maior exportadora de óleo de soja do mundo, passará a produzir metade da quantidade de biodiesel hoje produzida para o mercado interno com o novo marco regulatório. Isso acarretará em um excedente do insumo, que, por sua vez, será exportado.

Em 2020, a Argentina comercializou 5,36 milhões de toneladas de óleo de soja. Dessa quantidade, mais da metade foi para a Índia, seguida por China e Bangladesh, com cerca de 8% cada, como maiores compradores do óleo argentino. “Isso [o aumento das exportações] pode impactar os preços internacionais, considerando a grande parcela do mercado internacional que a Argentina possui”, afirmou Gustavo Idígoras, chefe da câmara de agroexportadores CIARA-CEC.

 

Fonte: biodiesel br

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